Somente seu nome, esquizofrenia, já assusta muita gente.

O ser humano tem uma tendência natural a temer aquilo que não conhece, ou baseia as suas emoções e reações naquilo que ouve dos outros, o que é um equívoco.

Antes de qualquer coisa, é importante saber o que é realmente a esquizofrenia:

É uma doença funcional do cérebro que se caracteriza essencialmente por uma fragmentação da estrutura básica dos processos de pensamento, acompanhada pela dificuldade em estabelecer a distinção entre experiências internas e externas, e apesar de afetar primariamente os processos cognitivos, seus efeitos acabam se estendendo no comportamento e emoções.

Em resumo, o portador de esquizofrenia possui dificuldades, parcial, ou até total, de reconhecer o que é ou não real.

Estima-se que 1% da população é portadora de algum tipo de esquizofrenia, que atinge igualmente homens e mulheres. Manifesta-se tipicamente na idade de 15 a 25 anos, porém não é incomum se manifestar também na infância ou na meia idade.

Os sintomas variam de indivíduo para indivíduo e também quanto ao surgimento e duração de seus surtos que podem aparecer e desaparecer de forma gradativa ou instantânea.

Tais sintomas são divididos em dois grupos:

  • Sintomas positivos – presentes com maior visibilidade na fase aguda da doença, como delírios, pensamentos irreais ou de perseguição, paranoias, alucinações, percepções sensoriais irreais como ouvir, ver, saborear, cheirar ou sentir algo que não existe na realidade, sendo mais frequentes as alucinações auditivo-visuais; pensamento e discurso desorganizado, alterações do comportamento, ansiedade, impulsos e agressividade.
  • Sintomas negativos – resultado da perda ou diminuição das capacidades mentais, estado deficitário da motivação, emoções, discurso, pensamento e das relações interpessoais, isolamento social, apatia, indiferença emocional, limitação de pensamentos e depressão.

Causas e Origens

Em muitos casos, os portadores de esquizofrenia foram crianças tímidas, introvertidas, com dificuldades de relacionamento e com pouca interação emocional, podendo ter apresentado dificuldades de atenção e comportamento.

Durante a adolescência o isolamento pode ter se tornando cada vez maior e o rendimento escolar diminuindo. Tais mudanças de comportamento são frequentemente associadas à crise da adolescência.

Normalmente, o primeiro alerta real que chama a atenção dos familiares e do próprio indivíduo com esquizofrenia, é a primeira ocorrência de um surto psicótico. Que é um momento, breve ou nem tanto, onde se apresenta um quadro onde se apresentam os sintomas positivos.

A ocorrência deste surto psicótico pode ter sido desencadeada, normalmente por uma situação de estresse, por exemplo, mudar de casa, perda de um familiar, rompimento de um relacionamento, prestar vestibular, entre inúmeros outros.

Estudos evidenciam que o fator genético possui grande influência, onde se constata a presença de esquizofrênicos, seja como genitores ou antepassados do indivíduo portador.

Do aspecto neurobiológico, sabe-se a esquizofrenia está relacionada com alterações bioquímicas e estruturais do cérebro, especialmente com uma disfunção dopaminérgica, precisamente nos receptores da dopamina no cérebro, reduzindo a produção própria deste neurotransmissor.

Por esta razão, alguns sintomas característicos da esquizofrenia podem ser desencadeados por remédios que aumentam a atividade de dopamina no cérebro como, por exemplo, as anfetaminas e outras drogas estimulantes como o álcool, ou ilícitas como a cocaína e o craque.

Neste campo, isso se comprova, pois a maioria dos remédios utilizados no tratamento da esquizofrenia (neurolépticos) atuam no bloqueio dos receptores de dopamina.

Diagnóstico

Seu diagnóstico, que deve ser feito por um médico psiquiatra, muitas vezes é difícil, e se dá pela análise de relatos do paciente e das pessoas mais próximas, como a família. Apesar de ser uma patologia de muito difícil convivência, é fundamental o apoio de familiares ao portador de esquizofrenia.

Antes de tudo deve-se descartar ainda, outros fatores como o abuso de drogas, epilepsia, tumor cerebral e alterações metabólicas.

Tipos de Esquizofrenia

Atualmente a esquizofrenia é dividida em cinco grupos:

  • Paranoide – Forma mais facilmente identificada, pois se predominam os sintomas positivos, onde há um quadro caracterizado por delírio paranoide relativamente bem organizado, onde seus portadores se apresentam desconfiados, reservados, sentem-se perseguidos por alguma coisa, podendo ter comportamentos agressivos.
  • Desorganizado – Predominância de sintomas afetivos com alterações do pensamento e noções muito pobres da realidade. Ideias delirantes e não organizadas também são comuns e em alguns casos a presença de irritabilidade e comportamentos agressivos podem ocorrer.
  • Catatônico – Caracterizado pelo predomínio de sintomas motores deficientes e por alterações da atividade, que podem ir desde um estado de cansaço e letargia, até a excitação.
  • Indiferenciado – Caracterizado pelo isolamento social e indiferença ao mundo exterior, além de uma diminuição no desempenho laboral e intelectual.
  • Residual – Nesta forma existe um predomínio de sintomas negativos, onde se apresenta certo nível de isolamento social, redução da afetividade e pobreza ao nível do conteúdo do pensamento.

Existem ainda outros subtipos, porém o mais importante entre eles é a chamada Esquizofrenia Hebefrênica, que surge comumente na adolescência e que possui prognóstico ruim em relação às demais variações, pois possui grandes probabilidades em resultar prejuízos cognitivos e sócio comportamentais aos seus portadores.

Vale lembrar que tais tipos não possuem consolidação efetiva, pois ao longo da vida, seus portadores podem apresentar quadros características entre um ou outro tipo e até mesmo ter seu quadro alterado para outro.

Tratamento

Apesar de ainda não se conhecer uma cura, o tratamento pode auxiliar muito e permitir que seus portadores possam viver as suas vidas de forma satisfatória e produtiva.

A experiência evidencia que o tratamento da esquizofrenia é muito mais eficaz se iniciado com o aparecimento dos primeiros sintomas, pois nota-se da mesma forma, que em casos onde a esquizofrenia se manifesta por longos períodos sem quaisquer cuidados, o tratamento se torna muito menos favorável e por esta razão é muito importante o reconhecimento precoce dos sinais da esquizofrenia e assim buscar auxílio o mais rápido possível.

Existem muitas abordagens de tratamento, porém a que possui melhores resultados é a interdisciplinar, onde o controle dos sintomas é feito por remédios anti-psicóticos que só podem ser receitados por um médico psiquiatra.

Importante ressaltar que somente é possível amenizar ou se livrar dos sintomas e surtos por meio destes medicamentos. Então é fundamental que o portador de esquizofrenia tenha acompanhamento psiquiátrico com regularidade.

Estando com seus sintomas sob controle, por tratamento medicamentoso, a psicanálise é um aliado importante nesse tratamento, pois fora dos sintomas, o indivíduo terá suas questões a serem trabalhadas e analisadas como qualquer outro e isso será de grande auxílio, reduzindo, por exemplo, sua ansiedade, fobias, raiva, etc., que muitas vezes são os próprios desencadeadores de seus surtos.

10 passos fundamentais para que um portador de esquizofrenia tenha uma vida produtiva:

  1. Manter total dedicação ao tratamento medicamentoso. E mediante qualquer anormalidade com a medicação, procurar seu psiquiatra para que ela possa ser reavaliada.
  2. Preservar uma rotina saudável para o sono.
  3. Evitar situações estressantes ou muito estimulantes.
  4. Criar e manter rotinas para a sua boa alimentação e higiene.
  5. Evitar o uso álcool e drogas ilícitas
  6. Buscar atividades de trabalho, hobby, voluntariado, etc. É importante se sentir útil.
  7. Se programar devidamente para suas atividades diárias, onde até uma agenda é importante.
  8. Manter e não se distanciar da família e amigos.
  9. Praticar esportes
  10. Na ausência dos sintomas e tomando os remédios regularmente, buscar terapia complementar como a psicanálise, meditação, yoga, entre outras.

 A participação da Família na vida de um portador de esquizofrenia

Normalmente, a família que possui um membro portador de esquizofrenia, acaba sofrendo tanto quanto ele.

Pensamentos como: Será que ele(a) pode nos fazer mal ou a alguém? Será que ele(a) é assim por algo que fizemos ou deixamos de fazer? Isso logo passa, é só uma fase… Não podemos fazer qualquer coisa com os amigos porque ele(a) pode surtar do nada; Toda a nossa vida gira em torno dele(a), entre muitos outros, fazem parte da rotina dos familiares.

Todos esses pensamentos, nestas proporções, estão equivocados.

O melhor a fazer é se informar e se for o caso até acompanha-lo(a) durante as visitas ao psiquiatra para conhecer melhor a condição de seu familiar. Lembre-se que não existe uma regra geral, cada esquizofrênico tem a sua própria peculiaridade.

Porém, uma vez que você conhece profundamente e aceita tal condição, ela não se torna mais um fardo ou tabu.

Uma família harmoniosa com a questão e que apoia, poderá auxiliar muito, não só o tratamento, mas a manutenção do estado onde não se apresentem mais surtos.

Obviamente isso não é fácil, existem as crises e os surtos que causam uma enxurrada de sentimentos e situações ruins dentro do lar, porém, com o devido tratamento e acompanhamento isso tudo pode ser superado.

Importante lembrar que podem ocorrer recaídas e outros percalços, mas manter-se firme e auxiliá-lo(a) com o tratamento, fará com que tais situações sejam breves e mais fáceis de lidar.

Sigmund Freud em uma de suas cartas escreveu:

“Como fica forte uma pessoa quando está segura de ser amada!”

Onde mais poderia se encontrar amor puro e verdadeiro a ponto de fazer com que uma pessoa se torne forte o bastante do que dentro da própria família?

Se você gostou do artigo e tem alguma experiência, sua ou com o de algum familiar, compartilhe conosco, deixando seus comentários abaixo. E se você acredite que este artigo pode ser útil a alguém que conhece, indique-o a esta pessoa.

Quer saber mais como a psicanálise pode lhe auxiliar ou a um familiar nesta ou em outras questões?  Entre em contato conosco do Instituto Kundalini, poderemos auxiliá-lo não só através da psicanálise, mas também por meio de outras várias técnicas e terapias, e teremos o maior prazer em lhe atender.

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